Um romance é uma criação literária narrativa de forma complexa, segundo conceituação de André Jolles, podendo ser constituído de variados discursos de formas simples - lendas, causos, chistes, cordéis -, o que o caracteriza como uma narrativa dialógica ou polifônica, conceito divulgado mundialmente em seu clássico e já quase secular Problemas da poética de Dostoiévski. Bakhtin conceitua o romance moderno como dialógico, pois é um tipo de texto em que diversas vozes sociais se presentificam e se entrecruzam, relativizando o poder de uma única voz condutora.
Memória repartida, romance publicado em 2014 pelo magistrado e historiador Getúlio Marcos Pereira Neves, consagra seu autor, também, como ficcionista, colocando-o ao lado de outros escritores capixabas que incursionaram nessa instigante e desafiadora modalidade literária - o romance -, tendo o Espírito Santo como cenário ou tema de suas obras. Dentre eles, podemos citar: Renato Pacheco (A oferta e o altar), Neida Lúcia (À sombra do holocausto), Adilson Vilaça (O albergue dos querubins), Luiz Guilherme S. Neves (O templo e a forca), Adelpho Monjardim (O tesouro da ilha Trindade), Ormando Moraes (Seu Manduca e outras histórias) , Evandro Moreira (Pau d’alho), Levy Rocha (Marapé), Samuel Duarte (Alma de mestre), Álvaro Silva (O faxineiro), Miguel Tallon (Marília), Jovany Reis (O donatário), Virgínia Tamanini (Karina), Bernadette Lyra (A capitoa), Reinaldo S. Neves (Kitty aos 22: divertimento), dentre muitos outros. Só essa pequena citação já comprova o quanto temos de bons romances no Espírito Santo e o quanto é falsa a ideia de que não haja prosadores capixabas de fôlego.
O romance como modalidade literária surge ao final da Idade Média; sua origem é a narrativa oral, as histórias de amor e de aventuras cavaleirescas, profundamente sentimentais, em que se cultivavam o desejo utópico do triunfo do amor, da verdade e da justiça, numa sociedade profundamente estratificada. Também se cultivavam narrativas satirizantes, de cunho fortemente realista e erótico. Com o declínio da poesia épica, no século XVIII, a ficção em prosa assume o papel de expressar a vida, em todas as suas nuances, adquirindo o estatuto de gênero literário. O romance é filho natural da epopeia e tornou-se, durante o Romantismo, a forma literária que melhor exprimia os anseios da nascente burguesia. Considera-se o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, o precursor do romance, pelo seu próprio caráter questionador das formas e dos heróis do passado.
O primeiro aspecto a destacar nesta análise de Memória repartida é o título. Os gregos chamavam “Mnemósina” à personificação da Memória. Essa era filha de Urano e de Geia, e pertencia ao grupo dos Titânidas. Uniu-se a Zeus durante nove noites seguidas e dentro de um ano deu-lhe nove filhas, as Musas. Conta o mito grego que, depois das derrotas do Titãs, os deuses pediram a Zeus que criasse divindades capazes de cantar a vitória dos Olímpicos. De sua união com a Memória, nasceram as Musas, que pertenciam ao cortejo de Apolo, o deus da Música. De acordo com a tradição, as nove Musas eram: Clio, da História; Euterpe, da Poesia ligeira; Tália, da Comédia; Melpômene, da Tragédia; Terpsícore, da Poesia épica; Érato, da Poesia lírica e amorosa; Polímnia, da Mímica; Urânia, da Astronomia e Calíope, da Poesia lírica.
Portanto, a partir do título, surge um índice para a leitura e a interpretação do romance: ele pode ser lido como inspirado por Clio, a Musa da História, e por Terpsícore, a musa da epopeia. Literatura e História se amalgamam e se repartem na narrativa. Com isso, não quero dizer que Memória repartida seja um romance histórico, atrelado a um fato histórico, e seja uma crônica histórica. Ao contrário, penso que uma abordagem abrangente e dialética do romance, a partir dos elementos estruturadores de sua narrativa, permite ler uma história não contada pela Historiografia oficial: a história do dia a dia dos homens comuns; a história da violência na ocupação dos espaços; a história da dizimação dos povos nativos pelos colonizadores; a história da devastação ecológica em nome do progresso a qualquer custo; a história da discriminação das mulheres, numa sociedade machista; a história da subserviência dos poderes constituídos ao capital econômico, no sistema coronelista; a história da subordinação da imprensa ao poder local. Enfim, são muitas as histórias que podem ser lidas num romance, daí o seu caráter polifônico.
Semelhante a alguns dos romances já citados, que têm como tema ou personagens o Estado do Espírito Santo e os capixabas, Memória repartida é narrativa dialógica, pois reconta não só a história de personagens vivendo em determinado tempo (um provável meados do século XX) e um espaço (uma Vila situada às margens do Rio Doce, no noroeste capixaba), mas também estabelece uma reflexão sobre o fazer literário. O que torna Memória repartida memorável, ainda que pese ser a primeira construção ficcional de seu autor, é a complexa elaboração estrutural da narrativa, da qual se destacam dois elementos fundamentais em seu arcabouço narrativo: o papel do narrador e os discursos narrativos.
Walter Benjamim, em ensaio clássico sobre O narrador, afirma que o surgimento do romance e sua difusão com a invenção da imprensa trouxe outro tipo de narrador, diferentemente do consagrado pela oralidade. No romance, o narrador narra sua experiência e a relata aos outros, incorporando as coisas narradas à experiência de seus ouvintes. Em Memória repartida, o narrador é o elemento principal da história, ou da narrativa, mais importante até que os fatos narrados, e assume um caráter dúplice, numa semiotização primária e secundária, que se confundem em seus papeis de condutores do foco narrativo. Há dois narradores, ambos em primeira pessoa, os dois professores e historiadores. O primeiro, a que se poderia chamar narrador primário, autointitulado “compilador”, é um professor de um curso de Administração, na Vila cenário das ações, e que tivera como aluno um professor do curso secundário e jornalista, o real autor da história que irá narrar. Esse, personagem também anônimo, por alguma desilusão não muito bem explicada, mas supostamente amorosa, parte para a Europa e de lá para uma luta como integrante da frente Belisário para a Libertação do Saara Ocidental. Um ano depois de seu desaparecimento, sua mãe procura seu antigo professor para entregar-lhe para análise os originais que deixara sobre a história da Vila.
Esse narrador-compilador afirma ter levado dois anos para analisar e organizar o material literário deixado pela mãe do suposto autor da história da Vila, trabalho de “arquitetura”, como afirma, “juntando partes sobre partes, de modo a construir o melhor sentido para o leitor”. Arruma a cronologia dos fatos “como um historiador que coleciona documentos”. Portanto, pode-se observar que esse narrador primário é um historiador, cujo papel sobrepõe-se ao do literato, o criador do texto. É ainda esse narrador-compilador primário que faz o “Prólogo” esclarecedor do processo narrativo, em que assume ter as ideias confundidas com a do autor e que explicita que “as autorias se confundem” e que o texto original foi não só organizado, mas também reescrito por ele. Afirma, ainda não ter preocupação em parecer “moderno” e que seu estilo é o do século passado, sem concessão a “pós-tudismos” e que não se preocupou em dar voz a “excluídos sociais”.
Na verdade, o que o narrador primário faz é o uso de elementos clássicos retóricos, para minimizar a importância literária do texto, reconhecendo-lhe falhas, uma falsa modéstia, não almejando esperar que “a crítica literária mais abalizada” dê qualquer importância a seu texto, que, segundo ele, “só será reconhecida em seu círculo literário”. A partir desse Prólogo elucidativo do processo de construção narrativa, em que a função metalinguística prevalece, a história supostamente contada pelo narrador secundário e “real” autor da história se inicia, narrando-se os costumes da Vila, a vida de alguns de seus personagens sobreviventes na memória do narrador e as ações decorrentes em tempos passados mais remotos e mais recentes.
À medida que os fatos se desenrolam, observa-se que os dois narradores formam um duplo, pois, se ao segundo coube escrever a história, o primeiro é que lhe deu uma organização, uma sequenciação, transformando o que era caótico em um texto legível e compreensível. Esse narrador secundário que foge para uma luta hipotética de libertação é, na verdade, a face literária dionisíaca do mesmo narrador que assume o papel de dar sentido ao texto que o outro deixou. São, na verdade, a representação de Jano, filho de Apolo, representado por duas faces, tendo na mão uma chave e na outra uma vara. Jano tinha a faculdade de olhar o passado e o porvir e era tido como o deus da paz. Como o deus latino, esse narrador tem a faculdade de recontar, pela memória, o passado daquela Vila e, da mesma forma, ele transforma esses fatos do passado em um relato para leitura e conhecimento do leitor do futuro. Esse narrador primário afirma ser seu texto mais uma “história de manuscrito” e, ao mesmo tempo, nega lhe interessar a “qualidade literária” do texto, já que o que lhe importavam eram as ideias do texto, a narração “da história e do cotidiano da sua terra, aquilo que constituía quase a matéria-prima do projeto”. Isso reafirma o fato de que o narrador primário não é tão somente um compilador, mas o literato e historiador, que, num processo antropofágico deglute o texto alheio e o transforma no seu texto. Mandar o narrador secundário para uma luta hipotética no Saara espanhol é uma solução inverossímil e, por que não?, irônica, para fazer o outro desaparecer e assumir a voz plena do narrador.
Roland Barthes, em texto chamado História ou Literatura?, reconhece em cada uma delas um estatuto particular, uma especificidade própria, afirmando que “não se pode tratar a literatura como qualquer outro produto histórico” e que “a especificidade da criação literária se opõe em certa medida à história, em suma, que a obra é essencialmente paradoxal, pois ela é ao mesmo tempo signo de uma história e resistência a essa história”. Para ele, na literatura, existem dois postulados: um histórico, na medida em que a literatura é instituição; o outro psicológico, na medida em que ela é criação. Enquanto a história nunca nos dirá o que se passa no interior de um autor no momento em que escreve, já que seu objeto é o documento, a literatura, por ser criação, é fruto do sentimento e da subjetividade do autor. Daí, o fato de o narrador-compilador, o narrador primário de Memória repartida afirmar que só lhe interessava a história de sua terra, a matéria-prima do texto. Ora, literatura é forma e conteúdo, matéria e material, relato e narração, significante e significado, primeiridade e secundidade, e um historiador não pode dar conta dessas ambiguidades em um texto supostamente científico, imparcial e impessoal. A solução, mais literária impossível, é a de incorporar o texto do outro, numa antropofagia oswaldiana, ou botocuda, para ficarmos mais próximos ao objeto de estudo, criando-se um narrador dúplice, januário como o deus mitológico.
A partir de um Prólogo elucidativo do processo de construção da narrativa, a história da Vila e de seus habitantes supostamente contada pelo autor secundário, o professor exilado no Prólogo para a Frente Belisário, se inicia, narrando-se os costumes da pacata Vila capixaba, seus personagens e suas ações no enredo, com a chegada de um forasteiro. Esse também é um espelho do leitor, visto que, através dele, se conhecerá a história dos personagens sobre os quais se debruça a narrativa. Esse personagem, um bancário de nome Eustáquio (em grego, “carregador de belas espigas”), acompanhará o professor jornalista até o final da história, como observador da história local e de seus personagens e seu interlocutor direto. Tem a função de narratário dos fatos narrados, o ouvinte da história local. Conforme Benjamin, “Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas”. Daí, ser tão importante a função de ouvir quanto a de narrar. Benjamim explicita com precisão o processo de construção narrativa do romance Memória repartida, ao afirmar que “os narradores gostam de começar sua história com uma descrição das circunstâncias em que foram informados dos fatos que vão contar a seguir, a menos que prefiram atribuir essa história a uma experiência autobiográfica”.
A estrutura narrativa de Memória repartida é composta de um Prólogo, doze capítulos e um Posfácio. A história contada por dois supostos narradores é, na verdade, relatada por um só, já que o narrador compilador assume, totalmente, o lugar do outro, desde o primeiro capítulo, resumindo os fatos de cada capítulo, emitindo notas de rodapé, com interferências diretas no relato. Ao final da história da Vila contada em doze capítulos, ele volta no Posfácio, para fechar a obra e jogar uma pá de cal no insepulto verdadeiro autor da história. Esse mesmo narrador vampirizado possui um auxiliar na construção da história da Vila, já que não lhe bastam os fatos que observa para dar veridicidade a seu relato. Tem como interlocutor e consultor o professor Menezes Filho, historiador membro do Instituto Histórico e Geográfico da Capital, que lhe fornece a base científica da história regional para embasar a sua narrativa. Ou seria esse historiador Menezes Filho o interlocutor do narrador primeiro? Qual a autoria dos textos não ficcionais apostos na narrativa, em itálico? Como desfecho da farsa da narração ficcional, o “narrador-compilador” fecha o ciclo narrativo, visitando a casa da mãe de seu ex-aluno, e o quarto onde vivia, em cuja estante encontra diversas obras de referência sobre a história regional do Espírito Santo. São clássicos da historiografia, da etnologia, da sociologia e da pesquisa científica sobre a formação política, econômica e social do Estado do Espírito Santo, sobejamente conhecidos dos estudiosos locais. Dentre as dezesseis obras citadas, apenas uma é literária, o Rubayat, de Omar Khayam, tradução de Manuel Bandeira, a única que lhe foi oferecida pela mãe do desaparecido escritor, e que ele recusa. Fragmentos dessa obra serão citados na história do amor frustrado entre Rosália e o professor-jornalista, como contraponto a uma história não concretizada e que teria sido o real motivo da sua fuga para a Europa e posterior engajamento suicida numa frente revolucionária de um país africano.
O romance getuliano é repleto de citações, mais uma característica de uma obra polifônica, dialógica e da intertextualidade que proporciona. Além de fragmentos do Rubayat, de Omar Khayam, há textos poéticos no discurso do narrador secundário, um poema em cordel sobre o jagunço Antídio Marcolino e a relação de obras da estante do narrador secundário. De acordo com Antoine Compagnon, “O trabalho de citação, apesar de sua ambivalência ou por causa dela, é uma produção de texto”. Para ele, “O sentido da citação depende do campo das forças atuantes: ele é essencialmente variável”, pois estabelece uma pluralidade de sentidos e de coexistências.
Outro aspecto dialógico a se destacar em Memória repartida é a coexistência de dois discursos principais narrativos, como ocorreu também com os narradores, que se interpenetram, entrecruzam-se, completando-se. Há um discurso ficcional, da história narrada sobre os personagens da Vila, com suas diferentes micro histórias e núcleos narrativos, e que constituem a trama ficcional. Dentre eles, há o drama do casal Cotinha/Quinoto e o funcionário do Banco, o que dará à narrativa uma estrutura de história policial com todas as peculiaridades do gênero; a história de Antídio Marcolino, o capataz e jagunço da família Mariaga, que dialoga com as histórias regionalistas já consagradas na literatura sobre esse tipo de personagem; a história da família Mariaga, pioneiros da fundação da Vila e detentores do poder político e econômico local; a história da casa de shows, um “Bataclã” capixaba, em torno da qual giram as histórias de Leandra, a administradora da casa, Lília, a preferida do coronel e disputada por Eustáquio; a disputa dos coronéis Belmiro e Justino pela posse de terras e de poder no passado da Vila, história à Jorge Amado; a história do bancário Eustáquio, substituto no Banco do foragido no triângulo amoroso do primeiro capítulo e que se envolve em outros triângulos com a colega Margô, a “artista” da casa de shows Lília e o coronel Belmiro; as histórias do Rio, palco de afogamentos e de lendas sobre desaparecidos.
O discurso ficcional narrativo, contando as micro histórias dos personagens da Vila, seus dramas pessoais e pequenas alegrias, intercala-se com outros discursos não ficcionais, sendo o principal deles o discurso histórico, informativo e referencial que, em tipologia e fonte diferentes do narrado na ficção, descreve em itálico a história contada nos livros informativos da formação história, política, econômica e social daquela região situada às margens do rio Doce, no centro-oeste capixaba. Esses textos focalizam a luta dos desbravadores pela colonização daquelas terras; o enfrentamento com os ferozes botocudos, habitantes nativos da região; o violento processo de desmatamento da Mata Atlântica ali existente e que sobreviveu à colonização portuguesa por quatrocentos anos; a indústria madeireira ali implantada, que gerou grandes fortunas e uma devastação ecológica irreversível da fauna e da flora nativas. Provavelmente citação de algumas das fontes científicas citadas no Posfácio como integrantes da biblioteca do narrador-secundário, criou-se um discurso duplo de realidade/ficção, História/histórias, que se interpenetram e se complementam, enriquecendo o literário e as possibilidades de leitura e de interpretação do texto romanesco.
Outros pequenos discursos não literários ou linguagens diferenciadas são enxertados na obra ficcional, como o capítulo sobre as ervas medicinais, certamente citação de Maria Stella de Novaes; o da receita do “caju amigo”, citação dos folcloristas Guilherme S. Neves e Renato Pacheco; o detalhamento técnico-jurídico sobre a atuação do Tribunal do Júri e das atribuições da Justiça Militar, fruto do conhecimento do autor, magistrado e atuante nessa área; fragmentos poéticos da lavra do narrador- secundário, citação de rubayats de Omar Khayam e um cordel sobre as proezas do jagunço-cangaceiro Antídio Marcolino, composto de 25 estrofes de sextilhas com versos em redondilha menor e maior, intitulado “Antídio Marcolino vê o Diabo”. Todos esses fragmentos discursivos incorporados ao romance dão-lhe o caráter polifônico ou dialógico, de acordo com a terminologia e a análise de Mikhail Bakhtin sobre a obra de Rabelais.
Além desses dramas individuais narrados nas micro histórias, o romance traz capítulos bem interessantes sobre as questões sociais e políticas brasileiras do século passado, como o coronelismo, estudado, dentre outros, por Roberto da Mata, no País, e João Gualberto Vasconcelos, em nosso Estado; as eleições “de cabresto”, como tão bem descritas por Renato Pacheco em outro romance clássico, A oferta e o altar; a criação da imprensa na Vila, a influência do poder econômico e político na divulgação da informação e um diálogo intertextual com a história da imprensa capixaba, ao dar nome “O Estafeta” ao jornal local, homônimo do primeiro diário criado em terras capixabas, em 1849, segundo pesquisa de Heráclito Amâncio Pereira.
Enfim, Memória repartida é uma obra polifônica, pois está repleta de discursos narrativos, de um processo duplo de narração, com uma dualidade de narradores, em que se entrecruzam tempos narrativos, passado e presente, realidade e ficção. Traz uma galeria de personagens que têm a sua história, sem que nenhuma se sobreponha sobre a outra. Todos fazem parte de uma macro história, a história da Vila e da Província, hoje, Estado do Espírito Santo. Não há um personagem principal, pois todos são heróis e anti-heróis, principais e secundários, autores e objetos da História e das histórias das pessoas. É uma Memória repartida com os leitores, prendendo-lhes a atenção desde o início e instigando-os a ler seus diferentes discursos com o mesmo olhar e cuidado gastos na sua elaboração. Obra ímpar que vem somar-se a outras de mesmo quilate que se propuseram estabelecer um diálogo sobre a História e a ficção deste nosso "Vilão Farto" de histórias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GUIMARÃES, Ruth. Dicionário da Mitologia Grega. São Paulo: Cultrix, 1982.
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