Biblioteca escolar, eis a questão, de Lúcia Helena Maroto

Francisco Aurélio Ribeiro

Este “Biblioteca Escolar, eis a questão: do espaço do castigo ao centro do fazer educativo”, de Lucia Helena Maroto, bibliotecária, é obra indispensável para bibliotecários, professores, educadores em geral e, sobretudo, para os amantes do livro e da leitura. Inicialmente, foi uma monografia apresentada ao curso de Especialização em Teoria e Práticas da Leitura, feito na PUC-RJ, em 1996, sob a coordenação da professora Eliana Yunes. Depois, foi ampliado com as experiências de formação de leitor desenvolvidas em vários projetos e programas nacionais e regionais de leitura, dos quais participou a autora, em sua maioria.

E é exatamente aí que reside o maior mérito desta obra, na conciliação da teoria e a história do livro e da leitura com experiências práticas compartilhadas com colegas e amigos que comungam deste mesmo ideal, “fazer do Brasil um país de leitores conscientes e críticos”, em diversos pontos deste nosso grande país, inculto e belo.

Lucia Maroto faz, neste livro, um passeio pela história do livro e da biblioteca, numa linguagem agradável e prazerosa, ainda que informativa, como deve ser a do guia turístico; analisa o papel da biblioteca escolar, hoje, no Brasil, para advogar a causa que é a verdadeira razão de sua reflexão, nesta obra: transformar a biblioteca escolar que — não — temos, hoje, nas escolas, em um verdadeiro centro difusor do fazer educativo. Para a autora, “a Biblioteca deverá ocupar um lugar de destaque no acesso à leitura e ao conhecimento, atuando como centro mediador e difusor das práticas e produções, literárias e científicas, que deverão ser planejadas e desenvolvidas com o envolvimento e a participação de toda a comunidade escolar e dos demais segmentos sociais”.

Lucia Maroto sabe que essa é uma missão quase utópica, pois cerca de 70% das escolas brasileiras não possui biblioteca — dados do MEC / INEP, 2005 — e a maioria não possui profissional qualificado para atuar nas bibliotecas, que não passam, em grande parte, de meros depósitos de livros ou de “lugar de castigo”. Como a autora conhece essa prática, com uma vivência de mais de 20 anos como bibliotecária, e participou ativamente dos vários programas e projetos de leitura criados no Brasil, nesse período, a maioria sem continuidade e avaliação, ela não se limita a fazer críticas, mas a apresentar soluções.

A maior contribuição desta obra é, a meu ver, a oportunidade que a autora dá aos seus leitores de compartilhar experiências bem-sucedidas de leitura realizadas por seus companheiros de missão em diferentes regiões do Brasil. Aqui estão relatos de pessoas que ousaram pôr em prática seus sonhos em Nova Friburgo, RJ, Jerônimo Monteiro, ES, Parintins, AM, Mimoso do Sul, ES, Uberaba, MG, Santa Leopoldina, ES, Vitória da Conquista, BA, Vitória, ES. Todos que participaram do antigo PROLER sabem que a melhor parte dos encontros era o último dia, quando nos reuníamos para a “troca de experiências”.  É o que a autora faz, neste livro.

As experiências compartilhadas por Lucia Maroto, neste “Biblioteca Escolar, eis a questão!”,  mostram que “Sim, nós podemos”, quando nos propomos a transformar o mundo a nossa volta, através da prática prazerosa e consciente da leitura. Missão impossível? Não, inevitável, se quisermos e pudermos dar à biblioteca escolar o destaque que ela merece ter no processo educacional.

 

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